quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Poema


Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite 
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
desejasse.

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, sem tocar a margem.

Te olhei. E a um tempo.
Entendo que sou terra. 
Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

- Hilda Hilst -

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